Em agosto nos vemos é uma obra póstuma que estava adormecida do Gabriel García Márquez. O livro é lançamento de 2024 e veio a público através da decisão de seus filhos, conforme é escrito no prefácio do livro. Inclusive, o próprio autor, pai deles, achava que o livro não era tão bom quanto os outros de sua autoria. Como ele mesmo dizia “Este livro não presta. Tem que ser destruído.” Os filhos ainda comentam: “se os leitores celebrarem o livro, é possível que Gabo nos perdoe. É nisso que confiamos.”
Resenha:
Ana Magdalena Bach viaja todos os anos no dia 16 de agosto para visitar e levar flores ao túmulo da mãe em uma ilha do Caribe. Ela se hospeda sempre no mesmo hotel e antes de dormir, ela desce para comer algo no restaurante do hotel. Até que em uma dessas viagens ela se permite ser uma versão de uma nova mulher, uma mulher que nem ela conhecia e sabia que existia. Então, ela se aventura amorosamente e passa a noite com um homem que não sabe nem mesmo o nome.
Todos os anos ela esperava ansiosamente essa viagem para descobrir com quem seriam suas as novas aventuras. Quando ela estava em casa conhecemos um pouco da rotina da família composta por esposa, marido e dois filhos. Apesar da felicidade do casal, Ana sabe que no fundo o marido tinha a traído algum dia, mas era um assunto que não se comentava dentro de casa.
A nossa protagonista é um mulher de 46 anos e que se casou sem terminar o curso de Artes e Letras. Casou com o homem que amava. Era de uma família de músicos e seu marido também. Aliás, o livro é um prato cheio para quem gosta de referências musicais e literárias, já que era uma leitora.
A mãe, já falecida, era professora de uma escola montessoriana, a quem herdou muitas características. Como quase terminou o curso de Artes e Letras, sempre estava acompanhada de um bom livro em suas viagens à ilha. Todas as mulheres podem encontrar um pouco de Ana dentro de si. E cada homem que se envolve nessas viagens faz com que reflita sobre sua própria vida e se descubra como mulher.
O livro traz como pano de fundo a questão do matrimônio como convenção social e o que está por traz disso.
Em agosto nos vemos é narrado em 3ª pessoa e a escrita do livro é envolvente e fluida e faz com que avancemos as páginas rapidamente. Inclusive, a parte das aventuras amorosas de Ana é de uma maneira tão leve e graciosa, que conseguimos compreender suas angústias. Assim, o livro tem de 6 capítulos e 132 páginas.
Sem dúvida, achei maravilhoso os filhos terem dado essa chance ao livro do pai para o grande público conhecer mais uma obra do autor. Inclusive, o nome da nossa personagem é igual ao da segunda esposa de Johan Sebastian Bach, músico, mas com um “n” a menos – Ana.
Recomendo a todos começarem a ler Gabriel García Márquez por essa obra.
Posfácio:
No fim do livro temos a parte do Notas da edição original, onde o editor Cristóbal Pera narra a história de quando Gabriel García Márquez começou a escrever o livro e suas primeiras entrevistas falando sobre a obra. E como o livro chegou até ele para ser o editor.
Após isso, temos quatro páginas de fac-símiles, onde temos a versão 5 do livro com comentários do autor e de sua secretária Mónica Alonso. Certamente esta versão que temos hoje que o próprio Gabo destacou como “Grande OK final”.
Ficha técnica:
Autor: Gabriel García Márquez
Nacionalidade: Colombiano
Tradução: Eric Nepomuceno
Edição: Cristóbal Pera
Editora: Record
Gênero: Romance
Páginas: 132
Ano: 2024
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